quinta-feira, 28 de abril de 2011



"Desejo que a sua vida inteira seja abençoada, cada pequenino trecho dela, em toda a sua extensão. Que cada bênção abrace também as pessoas que ama e seja tão vasta que leve abraço a outros tantos seres, sobretudo àqueles que mais sofrem, seja lá por que sofrem. Desejo que os nós que apertam o seu coração sejam gentilmente desatados e que os sentimentos que os formaram se transformem na abertura capaz de criar belos laços de afeto. Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho. Que cada um deles crie mais espaço em você. Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo.

Desejo que volte para o seu mar quantas vezes forem necessárias até encontrar o seu tesouro. Que quando encontrá-lo, não seja avarento. Que descubra maneiras para compartilhar a sua felicidade, o jeito mais gostoso para se expandir a riqueza. Desejo que quando os ventos da mudança ventarem mais forte, e sentir medo de ser carregado junto com tudo o que parecerem arrastar, você já conheça o lugar onde nada pode arrastá-lo. Que já saiba maneiras de respirar mais macio, quando as circunstâncias lhe encurtarem o fôlego. Que, com o passar do tempo, a sua alma se torne cada vez mais maleável, mas que seja firme o bastante para nunca desistir de você.

Desejo que tudo o que mais lhe importa floresça. Que cada florescimento seja tão risonho e amoroso que atraia os pássaros com o seu canto, as borboletas com as suas cores, o toque do sol com seu calor mais terno, e a chuva que derrama de nuvens infladas de paz. Desejo que, mais vezes, além de molhar só os pés, você possa entrar na praia da poesia da vida com o coração inteiro e brincar com a ideia que cada onda diz. Que, ao experimentar um caixote ou outro, não se arrependa por ter entrado na água, nem desista de brincar. Todo mundo experimenta um caixote ou outro, às vezes um monte deles, quando se arrisca a viver. O outro jeito é estar morto. O outro jeito é não sentir.

Desejo que não tenha tanta pressa que esqueça de colher estrelas com os olhos, nas noites em que o céu vira jardim, e levar para plantar no seu coração as mudas daquelas mais luzentes. Que tenha sabedoria para encontrar descanso e alimento nas coisas mais simples da vida. Que a cada manhã a sua coragem acorde bem juntinho de você, sorria pra você, e o convide para viverem uma história toda nova, apesar do cenário aparentemente costumeiro. Que tenha saúde no corpo, saúde na alma, saúde à beça.

Desejo que encontre maneiras para ser feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita pra dormir, porque a verdade é que a gente não sabe se tem outro dia. Que quanto mais passar a sua alma a limpo, mais descubra, mais desnude, mais partilhe, com medo cada vez menor, a beleza que desde sempre você é. Que se sinta livre e louco o bastante pra deixar a sua essência florir.

Não importa quanto tempo passe, não importa onde eu esteja, não importa onde esteja você, abra os olhos pra dentro e ouça: o meu coração estará dizendo esta mesma prece de amor para o seu. Amor incondicional, exatamente como neste instante. Não importa o quanto a gente mude, o quanto a distância aparente nos afastar, isto que sinto por você, eu sei, não muda nunca mais."

Ana Jácomo


Mesmo que tenha sido só naquele momento, onde as nossas bocas se encontraram e você me chamou de complicada, aquele segundinho em que eu apertei sua bochecha e comentei como as crianças sofrem, ou quando você puxou minha mão pra eu não cobrir o rosto. Mesmo que a mágica que aconteceu naqueles instantes não possa mais ou demore pra se repetir, eu vou lembrar com muito carinho, e sempre que lembrar sei que meus olhos vão olhar pra você lá, bem distante, mesmo que não esteja perto e seu perfume vai tomar conta do meu nariz, eu vou suspirar. Você me disse pra viver aquele momento, certo? Mas num esquece aquilo não, eu não vou esquecer. Foi bom pra mim também.

Calma, vai passar...


Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, "hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu")
Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou.
Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: "É melhor viver do que ser feliz". Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder.
Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, eu sei como dói. Mas passa.
Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o unico jeito de deixá-la pra trás é continuar andando.
Você vai ser feliz.
Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.


Antonio Prata

terça-feira, 26 de abril de 2011



"Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: "olha, não dá mais". Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amavamuito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu:"mas agora eu to comendo um lanche com amigos". Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei um dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.

Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve. Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas,quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu. Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida.Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida. Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip,cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris. Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto. O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele. Ele quem mesmo???"

Martha Medeiros

Procura-se um amigo


"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A dor que dói mais


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.


Martha Medeiros

domingo, 24 de abril de 2011



"Todo dia é uma nova oportunidade de fazer tudo novo, diferente, tentar fazer com que valha a pena. Eu sinceramente quero que valha, não só a vida mas o sentimento,a amizade, um novo amor talvez. Quero que valha a pena o frio na barriga, a risada nervosa, as horas que escorrem por entre nossos dedos e parecem minutos. Que dure essa sensação de garota boba que acredita em garotos doces e príncipes encantados, mesmo depois de já ter se convencido do contrário. Despir-me de máscaras com palavras sinceras, olhares verdadeiros, alma, coração, corpo, vida. Transformar-me em palavras e invadir seus ouvidos, sua mente, seu mundo. Eu valho à pena, por favor, valha também."

Louise de Paula

sexta-feira, 22 de abril de 2011



"Estão todos olhando a moça passar. Falam de seu corpo, comentam seu mistério, disputam sua atenção. Mas se a moça olha, mudam de assunto, se a moça pede ajuda, ninguém escuta e se quiser companhia - coitada da moça! - vai continuar só. É assunto na academia, atrai olhares no trabalho e quando sai de noite também. Mas ela dorme sozinha e tem um vazio no peito que ninguém tem vontade de ocupar. A Menina tem um coração pesado que ninguém quer carregar.
Quem olha de longe não percebe e quem não se aproximar nunca vai saber: a Menina gosta livros e Jazz, queria saber dançar, troca uma balada pra assitir a Orquestra, gosta de andar até as pernas reclamarem, tem preguiça de filme cult e vê pequenos detalhes onde os outros enxergam cotidiano. E, acima de tudo, está cansada de tanto assustar e afastar as pessoas, cansada de esperar vidas se resolverem por uma promessa de futuro e ficar pra trás mais uma vez.
Quem vai cuidar da Menina triste? Quem vai levar de prêmio seu amor? Quem tem coragem de assumir o desafio e o coração pesado? Apostem suas moedas, esperem o próximo capítulo. Enquanto isso, a Menina também espera, e esperar dói."

Verônica H.

"Eu amo que você sinta frio quando está fazendo 21º lá fora. Amo que você leve uma hora e meia para escolher um sanduíche. Eu amo a ruguinha que você faz no nariz quando está olhando pra mim como se eu fosse maluco. Amo que, depois de ter passado o dia com você, eu possa continuar sentindo o seu perfume nas minhas roupas. E amo que você seja a última pessoa com quem eu quero falar antes de dormir à noite. E não é porque estou sozinho, e nem porque é noite de ano novo. Eu vim aqui esta noite porque quando você descobre que quer passar o resto da sua vida com alguém, você deseja que o resto de sua vida comece o mais rápido possível."

(Harry e Sally - Feitos um para o Outro)

Felizes para sempre



E eles não foram felizes para sempre. Exatamente, isso aí, não foram e nem serão um dia, não juntos. Ele a ama a acha que ela o ama também. Felizes? Não, não estão felizes, ou pelo menos um deles não. A vida não deixou que eles ficassem juntos, os fatos afastaram-nos, não houve aquele espaço onde acontece o fim, ficou suspenso, subentendido. Talvez fosse diferente se o final tivesse existido, mas não existiu e agora é assim: cada um no seu canto, se encontrando quando o acaso resolve que isso vai acontecer, colocando um sorriso no rosto e dizendo "que bom ver você", e aí ele se pergunta: será que é mesmo bom ver?
Um nunca vai saber o que o outro pensa a respeito do que aconteceu, se foi mais um caso, se não foi só mais um caso, se não foi um caso. Nunca vão saber o que o outro pensa quando se encontram, nunca vão saber o que cada um teria dito se o final existisse, mas ele não existiu, a história não teve um fim, não foi um felizes para sempre e talvez tenha sido por isso que ela teve tanto medo de dizer que acabou. Talvez tenha sido por isso que ele fraquejou.
Ele nunca mais vai perguntar a ela como foi o seu dia, das suas brigas bobas com o mundo, o quanto ela dormiu. Ela nunca mais vai dizer a ele que está brava, que sente saudades, que o dia de se encontrar tá chegando. Nunca mais ele vai dar conselhos a ela, ela nunca mais vai ficar pensando nas coisas que ele disse. Ele nunca mais vai encontrar uma garota com o mesmo sorriso, com o mesmo jeito de falar, com a sua impaciência, com o beijo igual, com problemas iguais, com sonhos iguais. Ela não vai mais encontrar uma pessoa que entenda-a da mesma maneira que ele, que fale do modo como ela dança, que fique rindo da falta de coragem dela de tomar uma cerveja que fosse, que entenda o que ela não conseguiu dizer.
Apesar de eles se completarem terão seu felizes para sempre distantes um do outro, a vida decidiu que seria assim. Vão encontrar outra pessoa para dividir o seu para sempre, essa pessoa não vai ser nem de longe parecida com eles, mas será a pessoa ideal para isso. Eles não sabem ainda, ela ainda tem uma ferida que dá trabalho pra sarar, ele ainda carrega na consciência a pergunta "como será que ela sente isso?", tudo ainda dói. Mas um dia a ferida cura, a pergunta cansa de gritar, e eles vão viver seus felizes para sempre, felizes, como diz o nome, distantes um do outro.

Pensando que é o cara



Ele tá pensando que é o cara, olha lá. Se achando. Ele nem sabe que ela nunca gostou dele, que ela nunca ouviu músicas pensando nele e sim no outro, que ela achava ele demente demais, que ela nunca o levou a sério. Mas ele ainda tá ali, se achando e dizendo aos amigos que enrolou ela. Coitado, nem sabe que nunca passou do estágio de passa-tempo, que suas ligações não eram atendidas porque ela não queria falar com ele e não porque ela estava ocupada. Mas ele continua a dizer que saia sem ela e ela continuava com ele. Ele nem sabe que enquanto bebia com os amigos ela curtia muito e não estava nem aí pra o "estudo".Ele acha que ela ficou triste quando ele a deixou. Ele ainda morre de ciúmes dos amigos dela, mesmo que sem motivo. Ele acha que a coisa mais intensa que ela viveu foi com ele. Ele ainda se interessa pela vida dela. Mal sabe que ela não sente falta, que ela tá feliz, que ela sai sem medo de encontrá-lo, que ela se importa se ele vai aparecer ou não, que ela chega a pensar mais no formato das nuvens do que nele, que ela pouco se importa se ele tá com outra ou não, que qualquer outro já conseguiu dela muito mais do que ele, lerdo, que nunca soube como aproveitá-la. Ele ainda pensa que ainda é dono do coração dela. Pena, ele não sabe que nunca foi dono nem do coração nem dos pensamentos dela. O babaca tá aí, pensando que é o cara, se achando. E ela? Bem, ela tá por aí se divertindo, sem ele, claro.

"Qual é o elogio que toda mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam físicos ou morais. Diga que ela é uma mulher inteligente e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter, além de um corpo que é uma provocação, e ela decorará seu número. Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma chave da porta de casa. Mas não pense que o jogo está ganho: manter-se no cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. Diga que ela cozinha melhor que sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora, quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha.

Descreva aí uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rentes ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha.

Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.

Até que chegou um dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. Quem gosta de diminutivos, definha. Ser boazinha não tem nada aver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As bozinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. Ph neutro. Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As inhas não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas."

Martha Medeiros

quinta-feira, 21 de abril de 2011


"O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.
Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?
Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".
Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.
Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo."


Martha Medeiros

quarta-feira, 20 de abril de 2011


"Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói,ai,eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o unico jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar."


Caio Fernando Abreu

terça-feira, 19 de abril de 2011


"Quando a gente foi ver o pôr-do-sol na Praia, e a gente ficou abraçado,e a gente se achou brega demais, e a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais. Eu olhei para você com aquela sua sueter que te deixa com tanta cara de homem e me senti tão ao lado de um homem, que eu tive vontade de ser a melhor mulher do mundo. E eu tive vontade de fazer ginástica, ler, ouvir todas as músicas legais do mundo, cozinhar, arrumar seu quarto, escrever um livro, ser mãe. E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele.
E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia (...)"

Tati Bernardi

segunda-feira, 18 de abril de 2011


"Cai uma chuva gelada por trás da vidraça. Os dedos dos pés impacientes dentro da meia de lã, as mãos se aquecendo com a xícara de café, os lábios sendo mordiscados com os dentes, um pijama velho, um moletom jogado em cima, os cabelos bem amarrados, os olhos pequenos e perdidos acompanhando o desenho que água faz no vidro da janela.Não me importo em estar assim despojada, só quero me sentir o máximo bem que puder, embora seja improvável isso acontecer em uma noite de sexta, quando o fim de semana chega e você não tem ninguém. Ninguém que vá te abraçar enquanto a chuva cai lá fora. Ninguém que vá acalmar a tempestade que acontece dentro de você. Ninguém que vá te dar a mão quando você tem tanto receio de estar sozinha. Ninguém que ficaria ali, de graça, deitado ao teu lado escutando os trovões. Por um instante você pensa que isso é tão triste, que isso pode ser tão miserável e o amor parece ser uma esmola que você pede em troca de um sorriso, por mais falso que isso pareça. Frágil, o barulho da chuva viola o silêncio do pensamento, da lembrança, da doce ignorância em planejar o futuro. Você tem medo, porque você vê que tem tanta lágrima por dentro, escondida, calada, tímida e um dia chuvoso e frio é tão pouco comparado a tudo que você esconde atrás de um rosto discretamente limpo e doce."

Cáh Morandi

domingo, 17 de abril de 2011


"Algumas pessoas se destacam para nós (…) Não importa quando as encontramos no nosso caminho. Parece que estão na nossa vida desde sempre e que mesmo depois dela permanecerão conosco. É tão rico compartilhar a jornada com elas que nos surpreende lembrar de que houve um tempo em que ainda não sabíamos que existiam. É até possível que tenhamos sentido saudade mesmo antes de conhecê-las. O que sentimos vibra além dos papéis, das afinidades, da roupa de gente que usam. Transcende a forma. Remete à essência. Toca o que a gente não vê. O que não passa. O que é (…) Com elas, o coração da gente descansa. Nós nos sentimos em casa, descalços, vestidos de nós mesmos. O afeto flui com facilidade rara. Somos aceitos, amados, bem-vindos, quando o tempo é de sol e quando o tempo é de chuva. Na expressão das nossas virtudes e na revelação das nossas limitações. Com elas, experimentamos mais nitidamente a dádiva da troca nesse longo caminho de aprendizado do amor."

Ana Jácomo

sábado, 16 de abril de 2011


“Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nâo é querer demais.


Eu só quero um amor que me beije na testa, que escute minhas bobagens e ria simplesmente, que entenda que eu sou chata mesmo, mas não me deixe por isso. Que diga que eu estou bonita, que não se incomode com as minhas gordurinhas, que diga para eu não mudar a cor do meu cabelo porque gosta dele assim. Que queira me proteger do mundo. Ele não precisa se lembrar do nosso primeiro beijo, não precisa dizer que me ama a todo mundo, não precisa abrir mão dos amigos por mim. Mas pode deixar claro pra mim que me ama, pode me chamar pra o programa com os amigos dele que eu não vou de jeito nenhum. Pode ter amigas, pode não me ver todo dia, pode me ligar de madrugada, pode adormecer e não me ligar (mas só as vezes),  pode sentir ciúmes, pode não gostar das mesmas músicas que eu, pode não gostar de alguma amiga minha, ser best de outra./ Pode me conquistar novamente todos os dias, pode achar bobo meu sonho de conhecer a Disney, pode descobrir meu lado tímido, meu lado extrovertido, pode descobrir que eu adoro as festas da minha família. Não importa pra mim se vai ver ou não que meu rosto fica rosado quando eu não tenho uma resposta. Não importa se vai comigo à igreja ou se é ateu, não importa. Eu quero esse amor, e sou egoísta o suficiente para dizer que ele será só meu amor, não acredito que seja querer demais da vida. Quero pensar nele sempre que fechar os olhos e saber que ele também pensa em mim.

quinta-feira, 14 de abril de 2011


(...) Todas as vezes na vida que eu falei em absolutismos eu sabia que estava mentindo porque, pra mim, tudo sempre é imediato, porque eu não tenho a mínima paciência de não ser mimada...
Mas sempre, sempre, cinco minutos depois, tudo passa. Nunca menos e raramente mais do que isso, cinco minutos, e tudo vai embora porque é assim, as coisas têm que passar, os dias têm que mudar, os ares têm de ser novos e a vida continua, com ou sem qualquer um.

Só que esse sempre foi e ainda é o seu problema. Não ser o um que não faz falta, não ser a noite perdida num canto de um balcão qualquer, não ser o beijo de hálito gelado, tesão quente e vontade limitada. O seu problema, é ser um problema sem solução. É ser vontade pra mais de anos, é ser virtude pra uma vida inteira, é ser idealizado porque há tanto tempo eu, você e o mundo que nos cerca, separados, esperamos tanto...

Pra mim, é dificil aceitar e entender que eu tentei te deixar pra trás, como todo o resto, mas não consegui. É dificil olhar os fatos, comprovar as dificuldades, ter preguiça, sentir cansaço, doer, arder, ferver e, mesmo assim, não conseguir te colocar dentro de um prazo. Seu prazo de validade não venceu em cinco minutos...”

Rani Ghazzaoui

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sério, eu não entendo essa sociedade onde tudo tem que ser e estar perfeito, onde não se pode sair de casa sem maquiagem, onde ‘lindos’ namoram com ‘lindos’ e ‘feios’ namoram com ‘feios’. Isso está totalmente errado! E se eu resolvesse ter uma queda pelo nerd da turma e não pelo bonitão que joga futebol? E se eu gostar do jeito atrapalhado que ele me pede uma informação? E se só por diversão eu devorasse uma torta de chocolate sem culpa? Quando nascemos não ganhamos de nossos pais um manual de “como deve ser sua vida”, temos liberdade para fazer nossas próprias escolhas, não somos robôs controlados pela sociedade que dita as regras. Podemos ser diferentes, podemos ser nós mesmos!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Não é pra entender.


Nunca, nunca mesmo, eu tive coragem pra te dizer os motivos pelos quais eu tô contigo há tanto tempo. Não disse a você nem a ninguém porque não há como entender. Só eu sei o que sinto com o seu abraço, como o meu coração fica quando você está do meu lado, a saudade que dorme comigo todos os dias que não te vejo. Eu não saberia explicar a ninguém o que eu sinto quando você diz que me ama. Logo eu, uma garota tão insegura, cheia de neuroses e defeitos! Não vou tentar colocar na cabeça de ninguém porque que eu fico toda-toda quando passam por mim usando o mesmo perfume que você usa. Quem vai entender a ansiedade que eu fico esperando o dia que você vem? Quem vai entender o nervosismo que me ataca quando você não vem? Quem vai entender que eu não me importo de não ter mil carinhas ao mesmo tempo quando eu tenho você? Sabe aquela história de "amor é pra sentir não pra entender"? Eu não sabia que era assim até conhecer você. Talvez alguém que seja assim como eu - louquinha de amor - possa saber mais ou menos o que é que eu sinto, mas com certeza não sabe explicar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011


Não acho que nada na vida seja fácil, aliás a vida não é fácil, mas não é por isso que vou me enterrar no meu quarto e chorar. A vida não é fácil mas é tão linda pra quem tem coragem de olhar pra ela. Vai, tenta você também! Levanta a cabeça. Tá vendo a perfeição da vida? Não? Olha direitinho, vai! Ok, admito, a estrada é meio torta, tem um buracos no caminho, e aquela parte escura ali dá medo, mas ainda assim tem tanta coisa linda, é só prestar atenção.  Decide o você quer, levanta a cabeça, vai na fé. E se não souber o que quer vai assim mesmo. Segue, enfrenta, levanta. Sim, levanta, porque todo mundo cai um dia. Mais uma coisa: sai distribuindo uns sorrisos pelo caminho, conquista alguns amigos e amores. Lê uns livros, dança, chora se precisar, encontra força, divide um guarda-chuva com alguém. Muda a direção se achar que é melhor assim, mas não perca a fé, a fé em você, a fé que a vida é bonita e por ela vale muito a pena seguir em frente.

"Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim."

Caio Fernando Abreu

O que te falta?


O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: 'cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!'. Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao você se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata. Eu acho, teu ginecologista também, o colega de trabalho assina embaixo. Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeitinho que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: 'eu sou bonita'."

(Gabito Nunes)
 

domingo, 10 de abril de 2011


Eu entro nesse barco, é só me pedir.

Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou.

Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes.

Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia.

Mas você tem que remar também.

E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir.

Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia.

Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo.

Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir.

Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto.

Eu te ensino a nadar, juro!

Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!

Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que vale a pena.

Que por você vale a pena.

Que por nós vale a pena.

Remar.Re-amar.

Amar.

Caio Fernando Abreu.

sábado, 9 de abril de 2011

O que faz bem pra minha saúde!



Acho a maior graça. Tomate previne isso,cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.
Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me
embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo,
faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde!
E passar o resto do dia sem coragem para pedir
desculpas, pior ainda!
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada!



(Martha Medeiros)

sexta-feira, 8 de abril de 2011



Tive medo de retribuir aquele abraço que você chegou a mencionar que poderia ser o último. Tive medo de deixar a dor me envolver juntamente com seus braços e assim como ela insistiu em ficar aqui, eu insistisse em não te soltar e parecer uma louca. Tive medo de passar mais do que aqueles segundos olhando fixamente em seus olhos pra retribuir o seu olhar que até hoje é uma maré de duvidas inconstantes pra mim. Tive medo de chorar em todos esses dias que nos encontramos, porque diferente de antes as minhas lágrimas não significariam nada pra você. Então me lembro, do quanto tive medo de te amar, mas você me garantiu que não era necessário sentir medo. Me lembro de quantas vezes eu te dizia do temor que havia em mim, se algum dia eu descobrisse que não fui nada daquilo que você fez sentir que eu era. Tive medo e continuo tendo de ter acreditado que fui a sua menina, sua bonequinha, sua princesinha quando na verdade, eu fui insignificante o bastante pra você não ter um pouco de recentimento, em tornar os meus medos na realidade que pouco a pouco me amedronta como nunca, então não sei pra onde correr, nem pra onde fugir. O maior medo se tornou real. E ele simplesmente deixou de ser medo quando você me garantiu que nada nesse mundo tiraria você de mim. Meu coração se reprime quando lembro das promessas não cumpridas. Tive medo de te perder. Tenho medo de nunca mais te ganhar. Nesse verdadeiro perde e ganha, eu sai frustrada, decepcionada..falida!



"Amor não se pede, é uma pena.
É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer,implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe."

Tati Bernardi

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Contrato de Casamento


Na semana passada comemorei trinta anos de casamento. Recebemos dezenas de congratulações
de nossos amigos, alguns com o seguinte adendo assustador: "Coisa rara hoje em dia". De fato, 40%
de meus amigos de infância já se separaram, e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de amar o outro para sempre.
Muitos casais no altar acreditam que estão
prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato.

Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo "vou sempre amar você", como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge até o dia em que alguém mais interessante apareça. "Eu amarei você para sempre" deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro.

Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher "ideal" para você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu "verdadeiro amor" estará no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí, o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema. Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas.

As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: "Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. Sei que fatalmente encontrarei dezenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia". Homens e mulheres que conheceram alguém "melhor" e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram a premissa básica e o espírito do contrato de casamento.

O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia vocês terão filhos e ao colocá-los na cama dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros "melhores". Eles aprendem a conviver com os pais que têm.

Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda, e num próximo artigo falarei sobre esse assunto. Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.

Stephen Kanitz

“Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você. Que sejam doce os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar. Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone. Que seja doce o seu cheiro. Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio. Que seja doce o seu modo de andar, de sentir, de demonstrar afeto. Que sejam doce suas expressões faciais, até o levantar de sobrancelha. Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado. Que seja doce a ausência do meu medo. Que seja doce o seu abraço. Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão. Que seja doce. Que sejamos doce.”

Caio Fernando Abreu.

Por inteiro


Eu definitivamente cansei. Não venha mais, não ligue, não mande mensagem, não apareça, não me deixe saber se você está bem ou mal, não participe da minha turma de amigos, por favor. Durante todo o tempo que estivemos juntos eu não te pedi nada, então atende esses meus pedidos de agora, por favor. Porque eu não quero mais ter sempre a esperança de que depois do seu surto de hoje-eu-te-quero você vai aparecer no dia seguinte e tudo vai ser como antes, porque eu não quero mais me machucar. Olha, se você não fosse você eu não estaria pedindo isso, eu simplesmente apareceria com alguém na sua frente e te mandaria procurar outra pessoa. Eu gosto sim de você, muito! Vou sentir saudades de esperar seus surtos de hoje-eu-quero-você, mas como sei que saudade não mata e eu já to cansada dessa história de que pra ter o seu eu que eu amo tenho que aturar o seu eu (que é dos seus amigos) que eu acho um cara sem graça e metido, eu decidi que não quero mais nenhum dos vocês que possas me apresentar. E não me olhe com cara de peixe morto quando passar por mim. Eu descobri que sou uma pessoa muito mais feliz quando não tenho que estar ao lado de um você que eu detesto. Ah, e caso te interesse, existem sim pessoas que eu ame todas as faces que possa mostrar, pessoas que eu ame por inteiro.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Sabe, dias atrás, estava pensando, em como as coisas são. Pensei em todas as quedas, todos os tropeços, e em cada momento em que olhava para os joelhos e sentia falta do breve instante onde eles sangravam, e ligeiramente eram curados com um beijinho de bem-querer. E de repente me veio àquela nostalgia, o doce gostinho de quero mais. Quero mais felicidade, mais fim de tarde, quem sabe mais amor. De todos os afins lembrados, e até mesmo os esquecidos, recordei-me de todas aquelas conchinhas catadas à beira mar, onde o tempo passada, e preocupação alguma, me fazia desistir. Recordar, me fez ver que do ponto de vista estratégico, amar é mesmo um remédio que cura feridas inexistentes, que te arrancam todos os males sem dor alguma, quando não se ama, o amor é simples, e só. Mas quando você tem um coração entregue, um peito aberto, olha para os lados e não vê a reciprocidade dos finais felizes, bem só nos resta recordar do quão bom era sonhar com um príncipe encantado que me faria ver que a vida vale a pena sim, que tudo só depende de mim."


E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana?

Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.

Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda.

Martha Medeiros

Passado, passado.



Eu, pessoa que escreveu esse texto, não sei pra que existem amores antigos. Tudo bem que foi lindo tudo o que se viveu com o ex-amor, as lembranças boas não vão embora nunca, que você cresceu durante o tempo que estava com ele e tudo o mais, mas se é um EX-amor é porque algo aconteceu para que se tornasse EX e aí eu pergunto: vale a pena não seguir em frente por esse amor do passado?
Tenho pavor à gente que fica sofrendo, chorando e se maltratando por causa daquela pessoa que passou pela sua vida há três anos e já faz dois anos que não se vêem. Sério, tenho muito pavor. E esse tipo de pessoa que além de já ter feito a outra sofrer ainda vem de papinho de amigo depois de séculos do fim, depois que você quase curou a ferida que já foi tão dolorida e parece que a pessoa só volta pra sambar de salto agulha na sua dor quase adormecida e maltratar? É triste ver esse tipo de gente.
Quer saber o que eu acho lindo? Eu acho lindo quando o passado não faz mais nenhum efeito negativo sobre uma pessoa. Eu acho lindo quando o ex-amor, confiando que sempre vai ter o outro bobo a esperá-lo, quebra a cara quando encontra o bobo que vivia a beira das lágrimas com um sorriso lindo no rosto passando de mãos dadas com a felicidade, estando com um amor novo ou não.
Não me chame de sem coração, por favor. É só que eu acho mais bonito as pessoas que superam o que já doeu do que pessoas que choram pelo que já passou. 

(...) Olha, faça um favor pra mim, antes de tremer as pernas pelo inconquistável e apagar as luzes do mundo por um único brilho falso, olhe dentro de você e pergunte: estupidez, masoquismo ou medo de viver de verdade?


Tati Bernardi

terça-feira, 5 de abril de 2011

"De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme. só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: "meu Deus, mas como você me dói de vez em quando..."

Caio Fernando Abreu